Mais comum nos projetos transmídia e media mix do Japão, o Comitê de Produção é uma empresa formada por funcionários de outras empresas exclusivamente para gerenciar questões de um projeto. Geralmente é formado quando o projeto é produzido por várias empresas distintas em diferentes ramos que também detém os direitos autorais do projeto dentro da mídia em que trabalha. Como cada lançamento novo teria que passar por uma aprovação de todas essas empresas, e cada empresa tem seu cronograma e burocracia próprios, o processo demoraria muito.

É aqui que entra o Comitê de Produção: cada empresa separa uma equipe pequena para cuidar dos assuntos administrativos e coordenar as produções de cada projeto, e essas equipes levam as decisões para as suas empresas, que se preocupam apenas em fazer o trabalho que precisam. Também é um jeito de garantir a integridade da visão autoral no processo de produção; o diálogo entre autor/redator e equipe se torna mais fácil porque não se lida mais com cadeias de comando complexas, ou o autor/redator também pode entrar como uma das empresas dentro do comitê.

A sociedade do comitê de produção é dividida igualmente entre seus membros para garantir que não haverá conflitos. Claro, isso não impede que empresas irmãs participem. Empresas como Kadokawa e Sony criam empresas menores dentro de seus conglomerados para cuidarem de fatores distintos de produção, o que ocasiona um comitê de produção que tecnicamente é igual mas na prática pende mais para uma empresa.

No fim das contas, a decisão depende do projeto. Se houver a possibilidade de deixar todos os direitos com uma entidade só mesmo que a produção envolva diversas entidades, ótimo! Mas caso não exista essa chance, estabelecer um Comitê de Produção pode resolver MUITAS dores de cabeça futuras.

POR EXEMPLO...

Um bom exemplo é a franquia Macross: a dona da franquia é a agência de publicidade Big West, o dono das histórias é o estúdio criativo Studio Nue e seu diretor Shoji Kawamori, a dona da trilha sonora é a JVCKENWOOD (pela gravadora Flying Dog) e o licenciamento e distribuição audiovisual ficam a cargo da Bandai Visual. Assuntos envolvendo a franquia inteira até podem ser vistos apenas pela Big West, mas qualquer coisa envolvendo alguma das histórias em particular precisa passar por todas.

Olhando para o Brasil, podemos utilizar as novelas como exemplo. A segunda versão de Chiquititas, de 2013, tem uma estrutura que poderia gerar um comitê de produção: a história é da Cris Morena Group, o licenciamento da história é da RGB Entertainment, a trilha sonora é da Building Records (pelo selo SBT Music) e a produção da novela é do CDT Anhanguera. Nesse caso, o SBT fez um acordo para resolver todas as questões sozinho e depois repassar os dividendos, mas ele também poderia ter criado um Comitê de Produção com todas as partes para gerenciar tudo.