Estabelecendo ou não o foco narrativo na ambientação, é importante ter um mundo onde situar a história. Aqui vamos discutir uns pontos importantes pra se pensar quando estiver criando ambientações. Isso vai além de criar cenários e plano de fundo: o mundo onde a história se passa complementa e justifica o porquê dessa história estar acontecendo. Não vamos entrar em muitos detalhes específicos, isso fica pra você e sua história; mas vamos tocar em alguns pontos que tem que ser pensados.

ESCOPO

Quão grande (ou pequeno) o mundo da história é? Dependendo do que for coberto pela narrativa, você estabelece o quanto o mundo será desenvolvido. A Volta Ao Mundo em 80 Dias, mesmo que não explore o mundo em totalidade, estabelece bem o tamanho dele. A Praça é Nossa tem, no máximo, 10 metros quadrados onde tudo acontece.

Você não precisa nem de um espaço definido, dá para situar uma história em dimensões paralelas ou o vazio infinito. Mas se você não parar de escrever sobre o mundo, no final você só vai ter o mundo e história nenhuma.

Se bem que isso é interessante para um livro de RPG, onde os jogadores vão criar as histórias de suas mesas com base em toda a descrição de mundo.

Enfim, como veem, escopo. É importante. Tenham.

POR EXEMPLO...

O Mundo da nossa história não necessariamente tem um tamanho fechado, mas ele possui um claro limite de onde até onde se passa, para não ficar pegando costume de Minas numa história sobre o Rio também, né? Na explicação da ambientação mencionamos que a área em que se passa a nossa história é delimitada entre São Cristóvão e Castelo, mas em meio dessa limitação, o tamanho do mundo realmente não é tão importante.

Estabelecida a limitação, a história pode se passar em qualquer lugar plausível que poderia se encontrar nesse meio, em praias, butiques, parques, na própria Rádio Trópico... Tudo depende da aplicação desses locais e do que a escolha consciente de colocá-los em meio à história trará para a nossa narrativa.

DETALHAMENTO

Uma ferramenta narrativa presente em histórias contadas a partir da primeira pessoa é a omissão de mundo: a história pode ocorrer em um lugar, mas apenas o que realmente importa para a(s) personagem(ns) principal(is) é retratado. A narrativa vai decidir se essa ferramenta será empregada, mas decidir os detalhes do mundo onde se retrata a história não deixa de ser essencial. Existem detalhes históricos que vão influenciar o jeito que o mundo se comporta? Vai ser preciso explicar a sociedade? O mundo estará mais próximo da realidade?

A quantidade de detalhes dados influencia a experiência que se tem. Tolkien tem parágrafos e mais parágrafos em O Senhor dos Anéis para descrever locais, e Douglas Adams descreveu o fim da Terra em três frases e 7 palavras (no original em inglês, traduções variam). Pro Tolkien, te por no mundo e na história dele é essencial, enquanto pra Adams é o fato de que, pra uma história que ocorre em todo o universo, um planeta sendo destruído é nada de mais.

Os detalhes que você escolhe e como eles aparecem sozinhos podem contar uma história completa em cima da sua história.

CENÁRIOS

Tem alguns lugares que de tão importantes contam como um personagem em si. Pense em locais recorrentes, que podem ser o fundo para diferentes ocasiões e que merecem ser mais destrinchados que os outros, mesmo que você não tenha escolhido fazer um grande detalhamento.

Cenários são os palcos de narrativas visuais e interativas, os lugares em que os eventos ocorrem de maneira recorrente ou climática. Um cenário pode nos dizer muito sobre a história de um determinado mundo e tem memorabilidade similar a personagens icônicos quando são utilizados para acompanhar momentos climáticos. Os melhores cenários podem dizer muito a respeito de uma narrativa sem utilizar diálogo falado.

POR EXEMPLO...

A Rádio Trópico, no caso, é o principal local de importância de nossa narrativa. Onde as meninas começam suas jornadas rumo ao estrelato, onde elas vão se familiarizar com o negócio de “Show Business”. A rádio tem suas origens sendo baseada em diversos programas de rádio, com anfitriões infâmes e lendários que viram e foram com os tempos, nos deixando apenas com memórias de suas performances. Personalidades estranhas, fascinantes, determinadas e geniais, são todas presentes na indústria de entretenimento, e estas personalidades estarão presentes na nossa narrativa.