Se você acha que a audiência é passiva, muito se engana. Numa narrativa transmídia, quem assiste é tão vital quanto quem cria. Afinal, não adianta os criadores fazerem pontes entre as diversas histórias se ninguém vai atravessá-las, não é mesmo? O público é o que mantém a narrativa viva, explorando possibilidades novas e guiando pessoas pelos caminhos da história. É vital pensar em quem está assistindo o que é feito.
A comunidade de fãs, ou fandom, é uma entidade complicada e complexa. E não estamos aqui para criar uma. Uma comunidade boa é uma comunidade orgânica, que cresce sem aditivos artificiais, e ter o envolvimento dos criadores das narrativas pode ter um impacto negativo nisso. Mas pode se preparar um terreno fértil para que um dia os fãs cultivem suas interações, e tendo elas estabelecidas, nada impede de se ter um diálogo legal com o público.
Esse é um ponto que já foi visto em outros locais, mas aqui a gente para pra olhar de fora. Como cada história vai me motivar a ver mais coisas e procurar outras mídias? Será que o que eu já criei é o suficiente, é pouco ou demais? Esconder alguns detalhes que aticem a curiosidade totalmente podem ser mais interessante do que explicar coisas distintas em cada mídia também. E nisso, se libera o caminho para que o público crie suas pontes.
Quanta influência a audiência exerce sobre o andamento da narrativa? Algumas mídias são completamente isoladas no aspecto da criação, enquanto outras tem em seu andamento a reação do público para guiar a história. Algumas já são interativas pra início de conversa, e quem interage com elas monta a sua história conforme navega. Narrativas transmídia podem criar uma bolha com sua audiência, mas não existem em uma bolha, e por isso a interação e intervenção tem que ser considerada. Na medida certa, dependendo da narrativa montada, essa colaboração direta ou indireta pode ser a motivação principal para acompanhar a narrativa.
No começo do nosso projeto, a nossa intenção era promover uma maneira para a audiência interagir com a narrativa de alguma maneira significante. Nos inspiramos nos métodos de Cris Morena com séries como Chiquititas e Cheias de Charme.
A nossa primeira ideia foi gerar intriga para uma narrativa contínua em websites e páginas do Facebook, subsequentemente pedindo aos interessados que comunicassem o rumo mais interessante da história, que seria decidida por meio de seus votos. Enquanto esse método funcionou para gerar interesse e interação, por tanto controle nas mãos de estranhos sem muito investimento prévio foi um tiro que saiu pela culatra, e rapidamente tivemos que decidir uma alternativa.
A Mídia interativa envolve uma série de conceitos que visam entregar aos usuários uma experiência inédita, que os envolva e os faça se sentirem parte da construção do conteúdo. Ela está presente em aplicativos, jogos, infográficos, landing pages, entre outros. Imagine conseguir entregar conteúdos em que as pessoas interagem, divulgam, se engajam e que façam crescer sua base de clientes. A mídia interativa se refere a algum tipo de mídia digital que tem como característica principal a presença de algum tipo de interatividade entre o usuário e o material para haver um resultado específico, que é gerado pela interação do público.
Exemplos de interatividade existem em diversas formas encontrados em mídias interativas. Imagens, textos, ícones, sons, vídeos e animações são exemplos de como essas mídias se propagam. O propósito dessas mídias é de chamar atenção para o propósito de construir uma resposta única de acordo com o usuário, o derradeiro objetivo da interatividade.
Mídias interativas e tecnologia evoluem paralelamente porque suas aplicações e funções estão diretamente relacionadas.
Cada uma das mídias que desenvolvemos para o nosso projeto de Transmídia servia para expandir a narrativa. O Animatic, o HQ e o Conceito de Jogo que desenvolvemos para o Projeto trabalhavam todos com partes diferentes da história do grupo musical, particularmente redirecionando o foco do protagonismo entre as três principais e envolvendo novos personagens de importância para fases diferentes da vida das meninas.
A nossa intenção com a escolha de uma Mídia interativa é permitir que cada experiência de interação seja única e individual. A capacidade de liberdade e escolha foi um fator importante na nossa decisão da Mídia Interativa.
O Guia de Produção que você está lendo agora também é uma possibilidade de mídia transmídia. É por meio do Guia que explicamos o método de nossos planos e mídias utilizadas, porque decidimos utilizá-las, e a finalidade delas.
Decidimos que, já que a maior parte do nosso projeto é centralizada no Guia, a interação viria por meio deste mesmo Guia, sem perder as marcas de linguagem que são a marca registrada dos autores. Por isso que temos todas essas abas, para você ver todos os tópicos do seu jeito e na ordem que você estiver a fim.