A partir do momento que você tem várias narrativas, as dúvidas sobre quando cada uma delas acontece começam a surgir. Quando e como eventos acontecerão, e o quanto eles vão refletir nas mídias onde não acontecem? Essa é a parte mais complicada e mais chatinha de se fazer, e também uma das mais importantes por ser um dos pontos iniciais de navegação entre elas. Para isso, nada melhor do que criar uma linha do tempo: você cria a sua história fora das mídias e, depois de criadas, você decide qual acontecimento vai pra cada mídia. Assim, dá pra coordenar o que acontece e quando acontece.

Uns pontos a se considerar:

ACONTECIMENTOS PARALELOS

Alguns eventos completamente diferentes podem ocorrer ao mesmo tempo na narrativa completa, mas estarem em mídias diferentes. Como isso envolve um conhecimento de tudo o que está acontecendo, uma coordenação geral de narrativa é necessária pra isso e para isso fazer uma linha do tempo ajuda MUITO. Claro, uma coordenação geral de narrativa seria boa em qualquer caso, mas dependendo de como a narrativa é construída pode não ser necessário ter uma coordenação geral; talvez ter a coordenação individual de cada mídia já basta. Mas se você quer trabalhar com histórias paralelas, é definitivamente preciso.

PERSPECTIVAS DIFERENTES

Supondo que um mesmo acontecimento vai ocorrer em mais de uma mídia, como cada mídia vai mostrar essa cena? Essa é a chance de você ter detalhes que normalmente não entrariam por falta de tempo ou espaço em uma mídia colocando em outra, além de ser um bônus interessante para quem acompanha mais de uma mídia.

CONTINUIDADE

A narrativa pode envolver várias mídias, mas essas mídias não precisam estar de acordo. Com a linha do tempo podemos ver a continuidade — como um evento dá sequência ao outro, e a ordem em que eles acontecem — e a coerência — se faz sentido um evento ocorrer, e como fazer esse evento ter sentido — do que está sendo produzido em cada mídia, pra garantir que confusões e contradições não impactem o fluxo da narrativa transmídia como um todo. Ou sim, quem sabe. Nada impede uma narrativa transmídia se basear em caos.

POR EXEMPLO...

Esse é a linha do tempo que montamos pra nossa narrativa, cobrindo o arco de introdução.

Ela foi feita de cima pra baixo, e cada faixa colorida é uma mídia diferente. Primeiro montamos a história, e depois fomos dividindo na ordem que acontecia. Também deixamos uma fileira exclusiva só para os eventos que aconteceriam em mais de uma mídia ao mesmo tempo pra não ter que ficar repetindo a mesma coisa em várias fileiras diferentes.

Pra ajudar a gente a ver as cenas, também separamos cada mídia com uma cor diferente e pras cenas que estão em mais de uma mídia a gente misturou as cores de cada mídia para lembrar.

Se organizar desse jeito ficou confuso pra você, fique a vontade para fazer do jeito que faz mais sentido pra você. O importante é que dê pra entender só batendo o olho.

A linha do tempo da nossa história, apenas na parte da introdução, seria essa entre as nossas três mídias.